Reeleito, Marcelo Santos comandará Confederação Brasileira de Skate até 2015
por Sidney ArakakiMarcelo Santos
Crédito da imagem: Sidney Arakaki
No começo do mês de abril o londrinense Marcelo Santos foi reeleito presidente da Confederação Brasileira de Skate, a entidade máxima do skate no país. Numa entrevista exclusiva à ESPN Brasil, Santos faz um balanço do primeiro mandato e comenta sobre as metas prioritárias à serem cumpridas até 2015.
Qual o balanço você faz do primeiro mandato?
Nossa primeira gestão foi, principalmente, de estruturação da entidade, em todos os aspectos. Na questão física, que até início de 2010 a CBSk não possuía um escritório com equipamentos como computadores, impressoras, telefone, mesas, etc; um local para receber as pessoas, para realizar reuniões, para nos dedicarmos à administração da entidade e para desenvolvermos os projetos. Tínhamos muita dificuldade com isso antes. Na estruturação do esporte também, conseguimos mudar várias coisas.
Conseguimos integrar mais a CBSk com as diversas modalidades do Skate. Atualmente a CBSk possui comitês e conselhos de skatistas participando das decisões importantes em todas as modalidades. A CBSk possui ranking brasileiro em todas as principais modalidades e categorias (street, vertical, banks, slalom, speed, slide, freestyle e longboard). Por mais que algumas modalidades tenham poucas etapas, eventos de menor proporção, de menor repercussão, hoje, todas as modalidades possuem ranking brasileiro. Muita gente enxerga o Skate apenas como street e vertical e esquecem estas outras modalidades.
A questão da comunicação também. Apesar de acharmos que ainda falta muito, conseguimos melhorar bastante a comunicação com os skatistas, com os formadores de opinião, com a mídia e o mercado em geral. Quando começamos, tinha uma expectativa de conseguir realizar muito mais do que a gente fez até agora. O próprio escritório é um bom exemplo disso. Imaginávamos que em menos de um ano teríamos um escritório, mas levamos três anos para conseguir.
A maior dificuldade é a questão financeira. Acho que é muito legal poder esclarecer isto, porque diferente do que muita gente pensa, as confederações de esportes não olímpicos, como é o caso da CBSk, não recebem verbas governamentais mensalmente garantidas para administração da entidade e do esporte, como acontece nas modalidades olímpicas e paraolímpicas, que recebem dinheiro de loteria, patrocínios das empresas estatais, e outros recursos que recebem do Ministério do Esporte.
Qual o balanço você faz do primeiro mandato?
Nossa primeira gestão foi, principalmente, de estruturação da entidade, em todos os aspectos. Na questão física, que até início de 2010 a CBSk não possuía um escritório com equipamentos como computadores, impressoras, telefone, mesas, etc; um local para receber as pessoas, para realizar reuniões, para nos dedicarmos à administração da entidade e para desenvolvermos os projetos. Tínhamos muita dificuldade com isso antes. Na estruturação do esporte também, conseguimos mudar várias coisas.
Conseguimos integrar mais a CBSk com as diversas modalidades do Skate. Atualmente a CBSk possui comitês e conselhos de skatistas participando das decisões importantes em todas as modalidades. A CBSk possui ranking brasileiro em todas as principais modalidades e categorias (street, vertical, banks, slalom, speed, slide, freestyle e longboard). Por mais que algumas modalidades tenham poucas etapas, eventos de menor proporção, de menor repercussão, hoje, todas as modalidades possuem ranking brasileiro. Muita gente enxerga o Skate apenas como street e vertical e esquecem estas outras modalidades.
A questão da comunicação também. Apesar de acharmos que ainda falta muito, conseguimos melhorar bastante a comunicação com os skatistas, com os formadores de opinião, com a mídia e o mercado em geral. Quando começamos, tinha uma expectativa de conseguir realizar muito mais do que a gente fez até agora. O próprio escritório é um bom exemplo disso. Imaginávamos que em menos de um ano teríamos um escritório, mas levamos três anos para conseguir.
A maior dificuldade é a questão financeira. Acho que é muito legal poder esclarecer isto, porque diferente do que muita gente pensa, as confederações de esportes não olímpicos, como é o caso da CBSk, não recebem verbas governamentais mensalmente garantidas para administração da entidade e do esporte, como acontece nas modalidades olímpicas e paraolímpicas, que recebem dinheiro de loteria, patrocínios das empresas estatais, e outros recursos que recebem do Ministério do Esporte.
A maior dificuldade é a questão financeira. Acho que é muito legal poder esclarecer isto(…) confederações de esportes não olímpicos, como é o caso da CBSk, não recebem verbas governamentais | ||
Em alguns casos recebemos dinheiro público para realização de um determinado projeto especificamente, e de maneira alguma, por determinação de Lei, estas verbas podem ser usadas para despesas administrativas da entidade, como aluguel, telefone, internet, contador, enfim, todas as despesas que a gente tem mensalmente.
Apesar das dificuldades, da expectativa e da ânsia por realizar mais, acho que o balanço é positivo. Haja vista que quando nos candidatamos pela primeira vez, em 2007, ninguém apareceu para concorrer e agora nesta eleição de 2011, apesar de não ter sido registrada uma chapa de oposição, nos bastidores muitas pessoas tentaram articular a candidatura de uma chapa de oposição, o que acho muito saudável, e mostra como a CBSk começa a chamar a atenção como uma entidade que pode dar certo e começa a despertar o interesse de outras pessoas.
Apesar das dificuldades, da expectativa e da ânsia por realizar mais, acho que o balanço é positivo. Haja vista que quando nos candidatamos pela primeira vez, em 2007, ninguém apareceu para concorrer e agora nesta eleição de 2011, apesar de não ter sido registrada uma chapa de oposição, nos bastidores muitas pessoas tentaram articular a candidatura de uma chapa de oposição, o que acho muito saudável, e mostra como a CBSk começa a chamar a atenção como uma entidade que pode dar certo e começa a despertar o interesse de outras pessoas.
Adesivo da entidade em Half Pipe
Crédito da imagem: Arquivo CBSK
Crédito da imagem: Arquivo CBSK
Marcelo Santos
Foto: Arquivo CBSK
Foto: Arquivo CBSK
Quais os principais desafios que você enfrentou?
Foram muitos, e eu diria que NÓS enfrentamos, porque considero muito e só tenho a agradecer a equipe que trabalhou comigo na primeira gestão. O Ed Scander que é um batalhador incansável pelas causas importantes para o Skate.
O Christopher Beppler e o Lauro Netto que participaram muito também, além do Marcos Bollmann que fez um excelente trabalho na comunicação e infelizmente (para nós) acabou pedindo desligamento da diretoria no final de 2010 para poder cuidar de projetos pessoais.
Esta foi uma grande perda, pelo perfil do Marcos de ser muito dedicado, sério e por ter se empenhado ao máximo no cumprimento das suas funções. Tenho muito a agradecer a todos eles e a outras pessoas que também participaram, assim como aos Comitês e Conselhos de skatistas que vêm atuando com muita responsabilidade e profissionalismo e que são essenciais para a evolução do Skate.
A CBSk sempre sofreu muito preconceito. Acho que todo tipo de entidade associativa, como federações, associações, confederações, geralmente são mal vistas, passam uma idéia de que essas entidades têm regimes autoritários, que querem impor as coisas, defendem muito mais interesses particulares do que da coletividade, tem aquela imagem de que rola muita grana e que há corrupção, enfim. Porque isso realmente acontece em muitos esportes e muitos meios da sociedade. A gente vê muita crítica, muita guerra, muito embate nas entidades, entre os grupos que querem controlar e entre os próprios praticantes. Os cartolas, como são chamados, muitas vezes não lutam a favor dos interesses dos praticantes daquele esporte ou dos atletas.
A questão política também, geralmente essas entidades tem pessoas no seu controle que fazem parte de grupos políticos e que tem seus interesses, principalmente dos esportes olímpicos e paraolímpicos, que recebem muito dinheiro, daí tem aquela ganância pelo poder, pelo controle das verbas, por votos, etc. Então, principalmente por isso essas entidades sofrem muito preconceito. Este foi e sempre será um dos maiores desafios. Mudar essa imagem e aproximar cada vez mais a CBSk dos skatistas, principalmente dos profissionais, e dos formadores de opinião. E mudar um pouco essa história, mostrar que uma entidade como a CBSk, na verdade, tem muitos meios de trazer benefícios para o esporte e na verdade é para isso que ela existe. A gente tem que saber como usar de uma maneira inteligente a força que uma entidade dessas tem perante a sociedade para trazer benefícios para o esporte. E é possível.
Quais as principais metas à serem cumpridas até 2015?
Temos algumas novidades para acontecer. Uma das principais metas é conseguirmos estabelecer um Circuito Brasileiro Profissional cada vez mais forte, mais consistente, com um número maior de etapas, com um calendário pré-estabelecido com bastante antecedência, pistas cada vez melhores, boas premiações, etc. Precisamos de um
Circuito com um número de etapas suficiente para manter os skatistas profissionais sempre na ativa, sempre treinando, podendo se programar desde o começo do ano, enfim, para que eles possam exercer mais dignamente suas profissões, no que tange a parte competitiva de suas carreiras. O Circuito Brasileiro é muito importante para atrair novos adeptos, através da criação de ídolos.
Atualmente temos diversos skatistas brasileiros talentosíssimos e muitos são desconhecidos do grande público, tanto que por parte dos leigos você ouve falarem muito mais em nomes de skatistas de gerações mais velhas do que dos skatistas das gerações mais novas. Há 19 anos, na 2ª Taça Londrina de Skate, evento o qual fui um dos realizadores, juntamente com o Ed, Murilo Toma, Aloísio Nica, entre outros, o Ginásio recebeu mais de oito mil pessoas. E naquela época, com certeza 50 a 60% do público mal conhecia o Skate ou os skatistas profissionais da época, até pelas dificuldades de disseminação das informações, e o nome do Tarobinha foi gritado pelo Ginásio todo e até hoje tem gente na cidade que tem ele como a referência de um ídolo do Skate, que ele realmente é e sempre vai ser.
Foram muitos, e eu diria que NÓS enfrentamos, porque considero muito e só tenho a agradecer a equipe que trabalhou comigo na primeira gestão. O Ed Scander que é um batalhador incansável pelas causas importantes para o Skate.
O Christopher Beppler e o Lauro Netto que participaram muito também, além do Marcos Bollmann que fez um excelente trabalho na comunicação e infelizmente (para nós) acabou pedindo desligamento da diretoria no final de 2010 para poder cuidar de projetos pessoais.
Esta foi uma grande perda, pelo perfil do Marcos de ser muito dedicado, sério e por ter se empenhado ao máximo no cumprimento das suas funções. Tenho muito a agradecer a todos eles e a outras pessoas que também participaram, assim como aos Comitês e Conselhos de skatistas que vêm atuando com muita responsabilidade e profissionalismo e que são essenciais para a evolução do Skate.
A CBSk sempre sofreu muito preconceito. Acho que todo tipo de entidade associativa, como federações, associações, confederações, geralmente são mal vistas, passam uma idéia de que essas entidades têm regimes autoritários, que querem impor as coisas, defendem muito mais interesses particulares do que da coletividade, tem aquela imagem de que rola muita grana e que há corrupção, enfim. Porque isso realmente acontece em muitos esportes e muitos meios da sociedade. A gente vê muita crítica, muita guerra, muito embate nas entidades, entre os grupos que querem controlar e entre os próprios praticantes. Os cartolas, como são chamados, muitas vezes não lutam a favor dos interesses dos praticantes daquele esporte ou dos atletas.
A questão política também, geralmente essas entidades tem pessoas no seu controle que fazem parte de grupos políticos e que tem seus interesses, principalmente dos esportes olímpicos e paraolímpicos, que recebem muito dinheiro, daí tem aquela ganância pelo poder, pelo controle das verbas, por votos, etc. Então, principalmente por isso essas entidades sofrem muito preconceito. Este foi e sempre será um dos maiores desafios. Mudar essa imagem e aproximar cada vez mais a CBSk dos skatistas, principalmente dos profissionais, e dos formadores de opinião. E mudar um pouco essa história, mostrar que uma entidade como a CBSk, na verdade, tem muitos meios de trazer benefícios para o esporte e na verdade é para isso que ela existe. A gente tem que saber como usar de uma maneira inteligente a força que uma entidade dessas tem perante a sociedade para trazer benefícios para o esporte. E é possível.
Quais as principais metas à serem cumpridas até 2015?
Temos algumas novidades para acontecer. Uma das principais metas é conseguirmos estabelecer um Circuito Brasileiro Profissional cada vez mais forte, mais consistente, com um número maior de etapas, com um calendário pré-estabelecido com bastante antecedência, pistas cada vez melhores, boas premiações, etc. Precisamos de um
Circuito com um número de etapas suficiente para manter os skatistas profissionais sempre na ativa, sempre treinando, podendo se programar desde o começo do ano, enfim, para que eles possam exercer mais dignamente suas profissões, no que tange a parte competitiva de suas carreiras. O Circuito Brasileiro é muito importante para atrair novos adeptos, através da criação de ídolos.
Atualmente temos diversos skatistas brasileiros talentosíssimos e muitos são desconhecidos do grande público, tanto que por parte dos leigos você ouve falarem muito mais em nomes de skatistas de gerações mais velhas do que dos skatistas das gerações mais novas. Há 19 anos, na 2ª Taça Londrina de Skate, evento o qual fui um dos realizadores, juntamente com o Ed, Murilo Toma, Aloísio Nica, entre outros, o Ginásio recebeu mais de oito mil pessoas. E naquela época, com certeza 50 a 60% do público mal conhecia o Skate ou os skatistas profissionais da época, até pelas dificuldades de disseminação das informações, e o nome do Tarobinha foi gritado pelo Ginásio todo e até hoje tem gente na cidade que tem ele como a referência de um ídolo do Skate, que ele realmente é e sempre vai ser.
Àrbitros da entidade em etapa brasileira do mundial de skate vertical
Crédito da imagem: Arquivo CBSK
Crédito da imagem: Arquivo CBSK
Mas que depois da geração dele, poucos outros skatistas tiveram e têm esta oportunidade de se apresentar para um grande público, tornarem-se conhecidos e valorizados, e de principalmente, inspirarem outros garotos e garotas e atraí-los para a prática do Skate.
Algo que pensamos em trabalhar cada vez mais é a capacitação de mão de obra, através de cursos que estão sendo criados em parceria com alguns colaboradores, como cursos para monitores, instrutores, e até para professores de Skate. Estamos começando a desenvolver um curso que visa orientar os skatistas recém profissionalizados sobre a condução de suas carreiras, comportamento, noções básicas de marketing pessoal, aspectos jurídicos básicos sobre relação com patrocinadores, etc., e que pode servir de reciclagem também para skatistas profissionais há mais tempo.
Algo que pensamos em trabalhar cada vez mais é a capacitação de mão de obra, através de cursos que estão sendo criados em parceria com alguns colaboradores, como cursos para monitores, instrutores, e até para professores de Skate. Estamos começando a desenvolver um curso que visa orientar os skatistas recém profissionalizados sobre a condução de suas carreiras, comportamento, noções básicas de marketing pessoal, aspectos jurídicos básicos sobre relação com patrocinadores, etc., e que pode servir de reciclagem também para skatistas profissionais há mais tempo.
Uma das principais metas é conseguirmos estabelecer um Circuito Brasileiro Profissional cada vez mais forte | ||
Os testes de aptidão para formação de árbitros têm muita demanda também, mas é um projeto difícil de arrumar investidores porque não tem visibilidade e atrativo comercial para patrocinadores.
Outra questão é sobre a relação Skate X Escola. Temos a intenção de criar uma comissão com skatistas, ex-skatistas, educadores, profissionais de educação física, e de outras áreas, para discutirmos a inserção do Skate na Escola.
Sabemos que cada vez mais as instituições de ensino têm se aproximado do Skate e precisamos nos preparar para essa realidade, para que o Skate seja inserido nas escolas com acompanhamento dos próprios skatistas e profissionais da nossa área, para que o Skate esteja nas escolas por inteiro, de corpo e alma, que as origens e a história sejam preservadas e valorizadas.
Outra questão é sobre a relação Skate X Escola. Temos a intenção de criar uma comissão com skatistas, ex-skatistas, educadores, profissionais de educação física, e de outras áreas, para discutirmos a inserção do Skate na Escola.
Sabemos que cada vez mais as instituições de ensino têm se aproximado do Skate e precisamos nos preparar para essa realidade, para que o Skate seja inserido nas escolas com acompanhamento dos próprios skatistas e profissionais da nossa área, para que o Skate esteja nas escolas por inteiro, de corpo e alma, que as origens e a história sejam preservadas e valorizadas.
Empenho e dedicação na sede da CBSk, em São Paulo
Foto: Sidney Arakaki
Foto: Sidney Arakaki
Mas vocês já estão em contato com instituições de ensino?Não exatamente. Por enquanto são discussões internas, porque já existe esta aproximação. Agora voltou a tona esse assunto que o skate pode ser incluído nas olimpíadas. Qual a sua opinião sobre isso?
Acho que no futuro, provavelmente o Skate poderá se tornar um esporte olímpico, mas acho que ainda é cedo. Acho que o esporte tem muito a se estruturar ainda. Tem coisas mais importantes para serem estruturadas no Skate do que a necessidade de se tornar olímpico. Não precisa ter essa pressa de se tornar olímpico logo, até porque o processo é bem demorado. Para 2016 e 2020 já não existe essa possibilidade de como disputa mesmo.
Talvez como exibição. Tem muitas questões controversas quanto ao regulamento de algumas modalidades. As principais dela, como o street e o vertical são modalidade que tem muita subjetividade em seu julgamento e isto para o COI parece ser uma barreira. Eles não querem esportes muito subjetivos, querem mais objetividade. Aí surgem ideias que podem “engessar” o esporte.
Como acontece na ginástica olímpica por exemplo. Aquela coisa de obrigatoriedade de certos movimentos, que no nosso caso seria a obrigatoriedade de realizar certas manobras. Acho que isto acaba indo totalmente contra uma das características mais expressivas do Skate, a criatividade, a improvisação, a realização de algo inusitado. Talvez as modalidades que possuem uma característica de competição que oferece um resultado exato, que não depende de julgamento, como o speed que o vencedor é basicamente quem desce a ladeira em menos tempo ou o slalom em que o resultado é composto por tempo e número de cones derrubados. Enfim, estas modalidades talvez possam se tornar olímpicas mais cedo.
Creio que o COI tem bastante interesse e até pressa em tornar o Skate olímpico. Eles precisam rejuvenescer as Olimpíadas, atrair mais o público jovem, precisam dos patrocinadores que estão interessados nestes esportes que comunicam com os jovens, enfim, creio que as olimpíadas precisam mais do Skate do que o Skate das Olimpíadas. Outra questão importante é quanto a possibilidade do Skate entrar nas Olimpíadas via UCI, entidade internacional de ciclismo. Minha opinião é que esta ideia é simplesmente absurda.
A UCI não é a entidade indicada para isso. Até porque já existe uma federação internacional de Skate, a ISF (International Skateboard Federation), a qual a CBSk é uma das fundadoras, ainda antes da minha gestão, na época do Alexandre Vianna como presidente. Atualmente existem mais de 170 países filiados à ISF. A CBSk é a representante da ISF no Brasil e na América Latina e eu sou um dos cinco vice-presidentes da entidade.
Você acha que com as olimpíadas do Rio em 2016 vão diminuir as verbas para o skate?
É difícil avaliar se perderá verba. Na verdade, o Ministério do Esporte investe muito pouco no Skate. Acho que as Olimpíadas no Brasil tem o lado positivo como tem o lado negativo.
O lado negativo é que quase toda atenção e investimentos do governo, seja do Ministério do Esporte, seja das empresas estatais que patrocinam confederações e equipes esportivas, eles vão se voltar para esportes olímpicos. Isto já é fato e já houve determinação do governo para as empresas estatais investirem nos esportes olímpicos. Mas por outro lado trará muita profissionalização na área esportiva em geral. O meio esportivo no Brasil é muito amador ainda. Acho que o segmento vai ficar cada vez mais profissional .
E a CBSk já está se preparando para isso?
Estamos nos preparando, nos estruturando cada vez mais, buscando parcerias com grandes promotoras de eventos para conseguirmos realizar mais eventos no Brasil e até internamente também, se estruturando para promovermos nossos eventos também, independentes das produtoras.
O Brasil tem uma grande deficiência em pistas de skate. Elas não atendem a demanda de skatistas e das poucas, muitas são construídas sem acompanhamento ou assessoria especializada e acabam sendo inutilizadas. Qual a preocupação da confederação com esse desperdício de verbas?
Essa é uma situação muito complicada. O que a gente recomenda é que sempre seja feita com acompanhamento técnico de quem tem conhecimento do esporte.
E isto na grande maioria das vezes não acontece. Eu vejo que este é um dos maiores problemas do Skate no Brasil, junto com a falta de competições para os profissionais. Inclusive, se tivéssemos boas pistas públicas, teríamos até mais facilidade de realizar os campeonatos. O número de pistas tem crescido muito no Brasil, mas a grande maioria são pistas ruins. Quando chega ao nosso conhecimento, a gente tenta interferir de alguma forma.
Marcelo Santos
Foto: Sidney Arakaki
Foto: Sidney Arakaki
Você chegou a ver a pista bizarra que fizeram em Saltinho?
Vi fotos.
O que você achou?
Bizarra.
O que você aconselha para os skatistas quando eles constatam projetos mal feitos sendo construídos nas suas cidades?
Eu aconselho a se mexerem. A tentarem contato com a prefeitura para alertá-los e se não derem ouvidos, que botem a boca no trombone, que façam um movimento na cidade onde estiver acontecendo isto.
Procurar saber se tem alguma associação na cidade e tentar fazer algum tipo de ação que possa chamar atenção da população em geral, da mídia local, da imprensa, enfim. Entrar em contato com federação do seu Estado, com a CBSk, enfim.
Os skatistas precisam fazer a parte deles também.
Exatamente. Principalmente por ser um esporte novo, que não é bem estruturado. Por exemplo, hoje se o garoto se interessa em fazer vôlei, natação, futebol de salão, de campo, basquete, em qualquer cidade você acha dezenas de escolinhas, dezenas de clubes, associações, entidades que organizam esses esportes. No Skate existem muito menos.
Então, os skatistas de cada cidade têm que se juntar e formar esse grupo de pessoas para defender o esporte lá no seu local, na sua região, porque senão ninguém vai fazê-lo.
E os skatistas profissionais, você acha que eles precisam se envolver mais? É uma responsabilidade social deles essa participação?
Eu acho que sim. É uma responsabilidade sim. O skatista profissional vive do esporte, ele depende do esporte para viver.
O que ele ganha é através do esporte, através do que ele aprendeu dentro do esporte, da vivência que ele tem no esporte. Então eu acho que cada um tem uma parcela de responsabilidade sim. Tem que participar da maneira que lhe for possível.
Nesses casos principalmente. Esse exemplo que você deu de Saltinho, se tivesse um skatista profissional na cidade, que pudesse se levantar e dizer: “Sou skatista profissional há tantos anos, tenho conhecimento do esporte, sou reconhecido pela Confederação Brasileira de Skate e pelo mercado todo como skatista profissional, eu entendo de Skate e estou vendo que isso aqui está errado”. Os skatistas profissionais têm que participar sim. Eu acho que é a maneira deles retribuírem tudo o que eles aprendem com o Skate, o que eles ganham.
Porque desde 2004 não acontece um evento de marca de skate em São Paulo?
Desde 2004 não tem uma etapa do Brasileiro de Skate Profissional na capital de São Paulo. Inclusive, em 2004, o evento foi feito por mim e pela equipe da Drop Dead na época. Creio que uma das questões é que as marcas nacionais encolheram muito, perderam muito espaço para as marcas internacionais. Essas marcas internacionais têm outro perfil de investimento.
Como fora do Brasil não tem os circuitos nacionais, tem no máximo o circuito mundial da WCS, e alguns outros eventos isolados, que são patrocinados por marcas muito maiores que as marcas de skate, como Dew Tour, Maloof, etc. Em contrapartida a isso, a estrutura que se exige hoje para um campeonato profissional, valor de premiação, pistas, etc, os eventos encareceram bastante. No final da década de 90 e no começo dos anos 2000 os campeonatos eram muito mais baratos. A gente tinha também campeonatos feitos em pistas particulares, pistas prontas, o que barateava bastante.
Analisando o mercado todo, como você vê, que cresceu, diminuiu, ou as marcas que não estão investindo?
Podemos dizer que o resultado da pesquisa Datafolha realizada em dezembro de 2009 apontou um crescimento de quase 20% no número de praticantes em relação à pesquisa anterior, de 2006, passando de 3.200.000 para 3.800.000 skatistas. Sem contar com o número de simpatizantes que também deve ir aumentando proporcionalmente.
Sem dúvida que isto reflete no mercado. Atualmente não temos números de mercado mais precisos, até porque não somos regulamentadores de mercado, nem temos poderes para isto, somos uma administradora do esporte. Mas podemos avaliar que tem crescido bastante. Acho que as marcas poderiam investir mais. Acho que em outras épocas as marcas eram mais agressivas. Na década de 80, 90 e na primeira metade da última década as marcas fomentavam muito mais o esporte.
A maioria absoluta eram marcas de skatistas que tinham na sua essência a promoção de eventos, a difusão do esporte, sentiam prazer em promover ações, em realizar campeonatos, os donos das marcas se envolviam, enfim. Talvez seja uma visão muito romântica, mas sempre foi um dos diferencias do Skate e as marcas daquela época cresceram muito porque tinham este perfil, esta atitude.
Nos Estados Unidos mesmo! Quem são os donos ou têm o controle das maiores e das verdadeiras marcas de Skate? São skatistas. E no Brasil? Atualmente as marcas preferem fazer pequenas ações, que atingem um nicho muito limitado e não fomenta o mercado, não desperta interesse de novos praticantes. Já um Campeonato do Circuito Brasileiro ou etapas do Circuito Mundial, são eventos que geralmente causam uma repercussão muito grande na mídia e difundem muito o esporte.
Tem algum evento da CBSk confirmado para 2011?
Temos alguns eventos programados, pré-agendados, mas a gente procura divulgar os eventos apenas quando estão realmente confirmados, com os contratos assinados, etc. Muitos eventos desses dependem de verbas públicas, e geralmente a verba pública sai muito em cima da hora do evento, faltando 20 dias, às vezes na véspera do evento, as vezes só depois do evento.
Então, principalmente, quando depende de poder público, a gente só consegue divulgar evento muito perto de quando ele vai acontecer que é quando realmente temos a garantia de que o dinheiro estará disponível para fazer o evento. Posso te dar um exemplo bem claro que aconteceu esse ano. A WCS colocou no site dela a confirmação do evento que era realmente para ter acontecido em fevereiro, mas nós não divulgamos por conta de entraves burocráticos e políticos e alertamos a WCS disto.
Este evento de Fortaleza deve acontecer em final de maio. Além da Megarampa teremos mais duas etapas do Mundial de Vert, que estão sendo articuladas. Sendo uma em Salvador e outra em Florianópolis. A tradicional etapa de Sobral deve acontecer em agosto, a da Myllys em novembro novamente. Estamos articulando mais uma etapa do Mundial de Street para o final do ano, que promete ser um grande evento também. A etapa de Guará (Brasília) de vertical deve acontecer de novo, enfim. São muitas possibilidades, muitos projetos que estamos trabalhando e na verdade eu citei mais os eventos de vert e street, mas temos as etapas de Brasileiro de outras modalidades que devem ter o número de etapas ampliadas agora em 2011.
Considerações finais.
Pra finalizar, gostaria de deixar uma mensagem para todos os skatistas profissionais e amadores, todos praticantes de Skate, para que realmente se mobilizem da maneira que possam ajudar o Skate a se desenvolver.
Principalmente que passem a cultura do Skate sem deixar que perca a sua essência, sua alma, o espírito que nos atraiu para ele e nos fez amar o Skate. Acho que é uma missão muito importante que de cada skatista se responsabilize pela imagem que queremos que o Skate tenha no futuro. E quanto a CBSk, acreditem no nosso empenho. As pessoas que estão aqui são skatistas de alma, temos um comprometimento com o esporte e sempre procuraremos fazer o melhor.
SKATE NEVER DIE!!! NA VEIA SEMPRE!!!! ESTAMOS JUNTO PRA SOMAR!!!!
Torço para que a CBSK atue cada vez com mais força para que as pistas do Brasil tenham um salto de qualidade. Essa deveria ser a meta principal da instituição. Acho que é o mais ponto mais básico para a evolução do nosso esporte.
ResponderExcluirSalve Peixe!!!
ResponderExcluirPô velho tá muito loko esse blog, tá de parabéns, só as matérias atuais... muito bom
abração de toda familia
K.Beça
(pô demorô pra colar em casa)